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Mostrando postagens com o rótulo dor

Às Margens do Adeus

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  Às Margens do Adeus Parti da minha terra, o peito em brasa, os olhos marejados de saudade; deixei pra trás a vila, a antiga casa, e a dor me rasga em plena mocidade. O céu que me acolheu na juventude tornou-se uma paisagem, fria e escassa; meu peito sangra em sua inquieta atitude, de amar o chão que aos poucos se desfaça. Nas ruas onde andei de pés descalços, escuto o eco das manhãs passadas; carrego, sob a pele e falsos sorrisos, cicatrizes de dores abafadas. No vento forte, o cheiro dos trigais, das colinas e campos e do rio; um nó profundo prende-me aos locais que agora deixo em exílio sombrio. Minha mãe, junto ao umbral, me dá seu beijo, meu pai, com rosto austero e olhos vazios; o mundo inteiro em mim perdeu seu ensejo, e a fé de volta agora é pó de estios. Se volto? Ah, quem dirá o triste fado? Quem sabe o mar me leva, ou me renega. A pátria que me chama em tom calado é sonho ou pranto em que minh’alma navega? Os braços dos amigos, companheiros, que um dia me acolheram com ...

O Grande Êxodo

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O Grande Êxodo Nos campos vastos da Itália em dor, Onde outrora a vida florescia, Agora reina o frio e o pavor, E a fome a todos consumia. Os filhos de Roma, em busca de abrigo, Deixam a terra que os viu nascer, Nas lágrimas, encontram um perigo, E no mar a esperança a se perder. Em portos cheios de desespero, Ouvem-se preces ao entardecer, O povo clama por destino fero, Que os faça longe o pão merecer. Os barcos partem sob o céu cinzento, Levando sonhos, vidas, coração, Na despedida, fica o sentimento, De quem jamais verá sua nação. As águas vastas guardam seus lamentos, Num horizonte de incerteza e dor, Onde se perdem tantos pensamentos, De quem buscava só algum amor. Mas nos seus olhos brilha uma centelha, Uma chama que o vento não apaga, E mesmo longe, a alma é centelha, Que na luta, a liberdade alaga. Os imigrantes, em terras distantes, Enfrentam o solo rude e o labor, Construindo com mãos vacilantes, Um novo mundo, com suor e amor. E assim, na epopeia que se narra, Sobrevive o es...

Adeus à Terra Natal

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Adeus à Terra Natal Partimos com o coração a sangrar, Deixando o lar que o vento há de levar, Cruzamos mares onde o céu desaba, Levando sonhos que o tempo há de guiar. A Itália, mãe que em prantos vê partir, Seus filhos, almas que vão peregrinar, Nas terras longes onde o sol se acaba, Buscando um novo céu para existir. Mas cada passo dói em nosso peito, O chão que outrora foi berço e calor, Agora é só saudade e lamento. Tornamos fé o que era desalento, E na esperança cultivamos o amor, Na fé que o futuro trará alento. estilo Shakespeariano, Rimas CDCD dr. luiz carlos piazzetta

O Retorno que Nunca Veio

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O Retorno que Nunca Veio Na terra além-mar, buscaram abrigo, Sonhando em breve ao lar poder voltar, Mas o destino, implacável inimigo, Fez-se silêncio onde o coração quis chorar. O sul os acolheu com novas dores, Entre matas densas, rios sem fim, Lágrimas regaram seus amores, Que na Itália distante ficaram enfim. O tempo passou, o sonho murchou, Em cada rosto, a saudade é guardiã, E o verde das colinas se apagou, Na terra estranha, a alma se afana. As mãos calejadas sem repouso, Ergueram lares em solo hostil, Mas o desejo, no peito, é retumboso, De ver a Itália, o solo juvenil. Aos filhos contavam histórias de outrora, De campos floridos e sol radiante, Mas o retorno esperado demora, E o peso da vida se faz constante. O sol do sul banhava a esperança, Mas a pátria era um sonho distante, E o coração, em dor e lembrança, Ficou preso num tempo flutuante. O idioma, o jeito, tudo mudou, Mas a alma insistia em sonhar, Que o barco um dia os levaria, Para os braços da pátria a abraçar. Passara...

Saudade e Superação em Silveira Martins

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  Saudade e Superação em Silveira Martins No verde mar das terras gaúchas vãs, Chegaram filhos da Itália a sofrer, Com sonhos presos nas entranhas sãs, Buscando vida que não viam nascer. Silveira, terra de promessas vãs, Em cada curva um lamento a crescer, Lembranças vivas em noites irmãs, De entes queridos que o mar fez perder. Nas matas densas o sol a esconder, O suor diário por pão e por paz, Mas o destino não vinha ceder, A luta eterna que o homem refaz. Na saudade intensa, a força se faz, Ao relembrar a vila tão querida, Cada dia duro é um passo audaz, Na trilha amarga, porém bem vivida. Os rios largos, o temor da vida, O eco distante dos risos de lá, A resistência em terra dividida, Entre o que foi e o que será já. A casa simples, ergue-se sem par, O fogo aceso nas noites de frio, É o calor do peito a despertar, Uma esperança que nunca viu brio. Nos campos vastos, o suor é brio, Com a enxada na mão, a fé no olhar, O pão que falta é a dor de um desvio, Mas a colheita faz-se ao...

A Cruel Despedida

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  A Cruel Despedida À margem do Piave, onde a luz cessa, Dois velhos camponeses, mãos marcadas, Despedem-se do filho, a dor é espessa, O pranto em seus olhos, noites veladas. O filho parte, deixa o lar amado, Nos olhos do pai, uma lágrima cai, A mãe, em silêncio, sofre calado, A saudade que fica, jamais se esvai. O campo é vasto, mas vazio se faz, Sem o filho que ao longe vai buscar, Um sonho distante, que o tempo traz, Esperança em terras além do mar. O velho casal, à sombra do monte, Sente a dor de um adeus que não finda, O filho se vai, e ao longe, o horizonte, Oculta a visão que a saudade brinda. As mãos calejadas pelo trabalho, Agora tremem, sem a firmeza de outrora, O coração apertado, sem agasalho, Vê o filho partir, e a vida chora. O filho segue, rumo ao Sul distante, Levando consigo o peso da vida, Mas nos olhos do pai, o pranto constante, Reflete a tristeza da alma perdida. A mãe, em prece, clama por paz, Enquanto o filho navega o mar imenso, E no seu peito, a angústia é ...

Lembranças do Além-Mar

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Lembranças do Além-Mar No véu da noite, surge a dor pungente, A saudade invade o peito, clama. Lágrimas escorrem, triste corrente, No peito a chama, que a distância inflama. Ecos distantes trazem vozes queridas, Sorrisos, memórias, doces abraços. Em terras novas, jornadas sofridas, Sonhos partidos em eternos laços. Olhares fixos no horizonte, além, A alma viaja em busca de um lar. Recordações de um tempo que não vem, Refúgio de um coração a sangrar. Os campos verdes, os rios cintilantes, Paisagens gravadas na mente. As festas, os risos, momentos distantes, Lembranças vivas, tão presentes. Na solidão, consolo em fotografias, Rostos queridos, histórias contadas. Cartas enviadas com as esperanças frias, De uma resposta que nunca chega. O tempo passa, mas a dor persiste, Em cada canto, um rosto amigo. A saudade cresce, o coração resiste, Guardando amores num abraço antigo. Novo mundo, novos desafios, Mas a alma clama por aquilo que ficou. Cada passo, cada sonho, são desvios, Na busca inces...

Odisseia dos Imigrantes

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  Odisseia dos Imigrantes No porto, o adeus e o sonho em brasa, Deixando a Itália, terra a sofrer. Nos navios, a esperança rasa, Buscavam nova vida a se ter. A bordo, a multidão se apertava, Espaços exíguos, sem respirar. Comida escassa, sede agravava, Em meio ao balanço do alto mar. Nos porões, um ar pestilento, Sem higiene, nem luz solar. Doenças vinham com o vento, Crianças frágeis a desfalcar. O mar rugia em tempestade, Medo e preces no ar pesado. A luta pela vida, sem piedade, Um futuro em sonho desenhado. No convés, olhares perdidos, Esperança em meio ao tormento. Homens e mulheres combalidos, Resistindo ao cruel sofrimento. Na escuridão da noite fria, O pranto silente se fazia. O navio seguia a agonia, A alma em constante vigília. Mães segurando seus filhos amados, Em prece, clamavam por paz. Os olhos vidrados em trilhos, No horizonte, um sol que se faz. Cada onda, um desafio novo, A coragem à prova, sem parar. Cada dia, um triste estorvo, A esperança lutava por ficar. O fed...

Tragédia no Oceano

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  Tragédia no Oceano Em busca de um futuro tão brando, Deixaram a vila em Padova, enfim. Nas ondas do mar foram sonhando, Sem saber do destino tão ruim. O navio partiu, cruzando o azul, Levava esperança, um novo lar. Mas o sarampo, cruel, como um véu, Veio as crianças a afligir, pesar. No balanço do mar, forte vento, O casal viu seu filho a sofrer, O pequeno, nos braços, lamento, A vida começava a se perder. No convés, o pranto em clamor, Outras mães também a chorar, E o mar, testemunha da dor, Leva sonhos sem nada a dar. O olhar do pai, perdido, em vão, Buscava consolo, um alívio, paz. Mas o oceano, imenso, não são, Reflete o destino, onde jaz. A mãe, em desolada prece, Suplica ao céu, ao Deus do mar. Mas a resposta, em eco, aparece, Silêncio e vazio a acompanhar. Cada noite, o frio se infiltra, Nas cabines, o sopro mortal. E a esperança, aos poucos, filtra, Transformando-se em luto real. O pequeno corpo, frágil, sem calor, Nos braços da mãe, pálido, só dor. O sarampo, impiedoso, ...

Medicina e Médicos - A Arte de Curar

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Medicina e Médicos - A Arte de Curar No vasto cruzamento da existência, onde corpo e alma acham esperança, os médicos erguem sua resistência, contra a dor e a desesperança. Nos jalecos brancos, heróis da ciência, mergulham no mar da experiência, navegando em mares de paciência, curam o mal com veemência. A medicina, antiga arte nobre, nas mãos dos doutores traz a vida, mesmo quando a cura não descobre, dissolve a dor que a alma convida. No frio estetoscópio, no bisturi, no eco das diagnósticas e no parto, os médicos enfrentam o porvir, prometendo alívio ao cansaço. O estetoscópio é um violino, que toca a canção do respirar, no eco dos batimentos, o destino, o médico poeta a escrever sem parar. Nas paredes brancas da clínica, o estetoscópio em repouso está, enquanto o doutor ouve com ética, alivia a dor com ternura e paz. Em cada prescrição, há conforto, no gesto e na empatia, o remédio, poetas da cura em cada porto, os médicos são faróis no tédio. Na luta contra o mal que assola, enfre...

Sussurros da Melancolia

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  Sussurros da Melancolia Na sombra fria da noite estendida, A melancolia vagueia sem rumo, Em silêncio, a alma se despedida, E o coração bate em compasso de luto. O vento sopra os ecos do passado, Envolto em névoa, o tempo se desfaz, E a tristeza, como um véu, é revelado, Cobrindo a paisagem em tons de lilás. Nas entrelinhas dos suspiros solitários, As lágrimas se misturam ao orvalho, E os sonhos, outrora tão necessários, Agora se desvanecem como um baralho. Oh, melancolia, teu manto sombrio, Envolve a mente em teias de saudade, E na solitude, o coração vazio, Busca conforto na própria ansiedade. Nos cantos escuros da alma inquieta, Ecoam os lamentos do sofrimento, E a esperança, frágil e incompleta, É apenas um vislumbre do tormento. Caminho pelo vale da desolação, Onde as sombras dançam em desatino, E a melancolia, em sua imensidão, É a única companhia neste destino. Mas mesmo na escuridão mais profunda, A luz da poesia brilha timidamente, E no coração, a chama que se inunda, Re...