Tragédia no Oceano
Tragédia no Oceano
Em busca de um futuro tão brando,
Deixaram a vila em Padova, enfim.
Nas ondas do mar foram sonhando,
Sem saber do destino tão ruim.
O navio partiu, cruzando o azul,
Levava esperança, um novo lar.
Mas o sarampo, cruel, como um véu,
Veio as crianças a afligir, pesar.
No balanço do mar, forte vento,
O casal viu seu filho a sofrer,
O pequeno, nos braços, lamento,
A vida começava a se perder.
No convés, o pranto em clamor,
Outras mães também a chorar,
E o mar, testemunha da dor,
Leva sonhos sem nada a dar.
O olhar do pai, perdido, em vão,
Buscava consolo, um alívio, paz.
Mas o oceano, imenso, não são,
Reflete o destino, onde jaz.
A mãe, em desolada prece,
Suplica ao céu, ao Deus do mar.
Mas a resposta, em eco, aparece,
Silêncio e vazio a acompanhar.
Cada noite, o frio se infiltra,
Nas cabines, o sopro mortal.
E a esperança, aos poucos, filtra,
Transformando-se em luto real.
O pequeno corpo, frágil, sem calor,
Nos braços da mãe, pálido, só dor.
O sarampo, impiedoso, sem amor,
Roubou o riso, deixou só dor.
No horizonte, o sol se esconde,
O casal, em prantos, se despede.
Nas águas, um corpo se esconde,
E a alma no luto, em prece, pede.
A travessia, de sonhos, demora,
É marcada por um adeus cruel.
A jornada ao Brasil de agora,
Com lembrança amarga, um anel.
O pai, com mãos calejadas, clama,
Por justiça, um novo amanhecer.
Mas a dor, no peito, inflama,
Um amor perdido, um não saber.
E a mãe, nos braços do luto,
Canta baixinho uma canção.
Para o filho, num gesto absoluto,
Entregar-lhe a última emoção.
Na imensidão do mar profundo,
Os sonhos afundam, a vida vai.
O casal, no luto mais profundo,
Segue o caminho, a saudade trai.
Ao chegar em terras distantes,
A dor ainda é companheira fiel.
O Brasil, com promessas constantes,
Não apaga a marca do cruel.
Nasce a nova vida, enfim,
Mas no coração, o eterno pesar.
A tragédia no mar sem fim,
Para sempre, a memória a queimar.