Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Memória

Às Margens do Adeus

Imagem
  Às Margens do Adeus Parti da minha terra, o peito em brasa, os olhos marejados de saudade; deixei pra trás a vila, a antiga casa, e a dor me rasga em plena mocidade. O céu que me acolheu na juventude tornou-se uma paisagem, fria e escassa; meu peito sangra em sua inquieta atitude, de amar o chão que aos poucos se desfaça. Nas ruas onde andei de pés descalços, escuto o eco das manhãs passadas; carrego, sob a pele e falsos sorrisos, cicatrizes de dores abafadas. No vento forte, o cheiro dos trigais, das colinas e campos e do rio; um nó profundo prende-me aos locais que agora deixo em exílio sombrio. Minha mãe, junto ao umbral, me dá seu beijo, meu pai, com rosto austero e olhos vazios; o mundo inteiro em mim perdeu seu ensejo, e a fé de volta agora é pó de estios. Se volto? Ah, quem dirá o triste fado? Quem sabe o mar me leva, ou me renega. A pátria que me chama em tom calado é sonho ou pranto em que minh’alma navega? Os braços dos amigos, companheiros, que um dia me acolheram com ...

Saudade e Superação: A Vida em Silveira Martins

Imagem
Saudade e Superação:  A Vida em Silveira Martins No horizonte distante, a dor se alinha, Cruzando o mar, buscamos nova sorte, Deixando a pátria, a vida já se esguinha, Entre a saudade e o medo de uma morte. A terra nova traz promessas tantas, Silveira Martins, destino tão fiel, Mas o coração em dor, já se adianta, Saudoso lar, onde o céu é mais azul. Nos campos vastos, mãos que se entrelaçam, Na luta dura, sem um só lamento, Mas dentro do peito as mágoas se enlaçam, E a alma chora o lar em pensamento. O arado corta a terra em linhas frias, Lavrando sonhos que plantamos aqui, Cada sulco, uma lembrança que esfria, Dos tempos idos que deixamos ali. As noites longas, frias como a morte, Trazem consigo a dor de um tempo ido, Mas em Silveira, a alma busca a sorte, De um novo lar, num solo tão querido. Os dias seguem, lentos, na promessa, De um futuro que insiste em ser melhor, E cada lágrima, em dor que não cessa, É um passo a mais, um fruto redentor. Entre os pinheiros, ecoam as canções...

O Retorno que Nunca Veio

Imagem
O Retorno que Nunca Veio Na terra além-mar, buscaram abrigo, Sonhando em breve ao lar poder voltar, Mas o destino, implacável inimigo, Fez-se silêncio onde o coração quis chorar. O sul os acolheu com novas dores, Entre matas densas, rios sem fim, Lágrimas regaram seus amores, Que na Itália distante ficaram enfim. O tempo passou, o sonho murchou, Em cada rosto, a saudade é guardiã, E o verde das colinas se apagou, Na terra estranha, a alma se afana. As mãos calejadas sem repouso, Ergueram lares em solo hostil, Mas o desejo, no peito, é retumboso, De ver a Itália, o solo juvenil. Aos filhos contavam histórias de outrora, De campos floridos e sol radiante, Mas o retorno esperado demora, E o peso da vida se faz constante. O sol do sul banhava a esperança, Mas a pátria era um sonho distante, E o coração, em dor e lembrança, Ficou preso num tempo flutuante. O idioma, o jeito, tudo mudou, Mas a alma insistia em sonhar, Que o barco um dia os levaria, Para os braços da pátria a abraçar. Passara...

As Tradições Mantidas

Imagem
As Tradições Mantidas No verde vale, ao longe do ancestral, Ecos de lutas, terras são guardiãs, Imigrantes trouxeram o natal, Com fé e força, raízes são imãs. Na dança e canto, em festas ressoam, Histórias velhas de um lar distante, Cada canção que os corações entoam, Elo eterno do amor constante. Em fogos altos, brilham as memórias, Do lar antigo, agora renascido, Cozinha e cheiros, ricas são as glórias, Receitas velhas, sempre revivido. O vinho é sangue, a mesa celebra, O pão é vida, santo sacramento, Em cada gesto, a tradição se enleva, Em cada ato, puro sentimento. Na capelinha, velas são acesas, Orações suaves, eco do passado, Em procissões, as almas são coesas, Fé mantida, coração calado. Nas mãos calejadas, sonhos plantados, Em terras novas, frutos do labor, No suor, os legados sustentados, Cada esforço, renovado ardor. Os filhos aprendem, mantêm o rito, Em cada palavra, um tesouro é visto, Na língua doce, o passado é escrito, Em cada riso, o futuro é misto. Nas saias rodadas, t...

Caxias do Sul: O Berço dos Sonhos

Imagem
  Caxias do Sul: O Berço dos Sonhos Nas serras verdes, o céu se abriu, E os filhos da Itália ali chegaram, Com corações cansados de um vazio, Novas terras com esperança lavraram. Caxias, berço de sonhos ancestrais, Onde a saudade encontrou morada, Os dias duros, mas os ideais, Firmes como a rocha na jornada. Em cada curva do caminho frio, O eco das vozes de quem partiu, A vida aqui se tornou desafio, Mas cada lágrima fez-se um rio. As colinas guardam histórias tantas, De mãos que a terra com força talharam, E o suor que correu em abundância, Foi o sal das vidas que sonharam. O sol que nasce, a esperança acende, A chama viva do peito a arder, E mesmo quando a noite desce e prende, O sonho insiste em florescer. O vento sopra as preces, leve e frio, Dos que lutaram e a vitória ergueram, E o campo vasto, outrora sombrio, Hoje é herança de quem o quis. As pedras firmes no chão demarcado, Marcam os passos de quem aqui veio, E cada fruto, no solo plantado, É prova viva do esforço alheio. ...

A Cruel Despedida

Imagem
  A Cruel Despedida À margem do Piave, onde a luz cessa, Dois velhos camponeses, mãos marcadas, Despedem-se do filho, a dor é espessa, O pranto em seus olhos, noites veladas. O filho parte, deixa o lar amado, Nos olhos do pai, uma lágrima cai, A mãe, em silêncio, sofre calado, A saudade que fica, jamais se esvai. O campo é vasto, mas vazio se faz, Sem o filho que ao longe vai buscar, Um sonho distante, que o tempo traz, Esperança em terras além do mar. O velho casal, à sombra do monte, Sente a dor de um adeus que não finda, O filho se vai, e ao longe, o horizonte, Oculta a visão que a saudade brinda. As mãos calejadas pelo trabalho, Agora tremem, sem a firmeza de outrora, O coração apertado, sem agasalho, Vê o filho partir, e a vida chora. O filho segue, rumo ao Sul distante, Levando consigo o peso da vida, Mas nos olhos do pai, o pranto constante, Reflete a tristeza da alma perdida. A mãe, em prece, clama por paz, Enquanto o filho navega o mar imenso, E no seu peito, a angústia é ...

Exílio e Rebeldia

Imagem
Exílio e Rebeldia Nos campos onde a dor é sem abrigo, O vento sussurrava em tom dolente, A terra exausta clama por um trigo, Que a fome faz do homem penitente. As sombras dos senhores desalmados, Com mãos de ferro tomam nossa vida, E sob o céu de chumbo, amordaçados, Partimos na jornada indefinida. Os rios que cruzamos sem descanso, Levavam nossos sonhos pelo mar, A terra prometida, a luz no manso Horizonte onde o sol vem a brilhar. Calaram nossas vozes, mas na alma, A chama da justiça ainda ardia, E foi no exílio que encontramos a calma, Que o solo pátrio nunca mais trazia. Obedecer, jamais! Foi nosso lema, Nas terras distantes, ergueremos Um lar que nunca mais tema As chamas que em nós reviveremos. Por entre as vinhas de um futuro incerto, Plantamos esperança e fé no chão, E cada fruto, cada sonho aberto, Nos traz o alento e a renovação. Assim marchamos, destemidos seres, Fugindo do punhal que a vida corta, E enquanto os ventos levam os prazeres, Nós erguemos as mãos na nossa porta. ...

Memória e Raízes Italianas no Brasil

Imagem
  Memória e Raízes Italianas no Brasil Deixamos nossa terra, mãe distante, buscando novo lar em mar bravio, mas o amor pela Itália é constante, mantém aceso em nós o desafio. Nas terras brasileiras, nosso encanto, cruzamos horizontes, corações, levando nossas histórias, nosso canto, nossas raízes, nossas tradições. Na cozinha, o aroma do tempero, recorda sabores do passado, cada receita é um elo sincero, um laço de amor sempre renovado. Os avós contam histórias de outrora, de vilas, montanhas, vinhedos, cada palavra é joia, é aurora, mantendo vivos antigos segredos. Nos festivais, danças em harmonia, vestidos coloridos, alegria, tradições vivem na melodia, um elo eterno, pura magia. A língua italiana que ressoa, é música que o tempo não apaga, em cada palavra, a alma ecoa, um amor que o coração embala. Na fé, seguimos com devoção, santos, festas, pura emoção, nossa cultura é uma oração, um vínculo forte, uma união. Nas escolas, ensinamos com carinho, histórias de um passado glorios...

Almas Eternas: Poema em Memória do Dia de Finados

Imagem
  Almas Eternas: Poema em Memória do Dia de Finados Neste dia de luto e recordação, O Finados nos traz reflexão profunda, Nas lágrimas que brotam em emoção, Relembramos quem partiu nesta jornada. No silêncio do cemitério, à luz das velas, Os mortos encontram seu eterno lar, Sob a sombra das cruzes e capelas, A saudade nos faz sempre recordar. Com flores que enfeitam lápides de pedra, Honramos aqueles que partiram cedo, As memórias deles em nós se enredam, Neste dia de saudade e de enredo. A morte, o grande mistério que encerra, Nos lembra da finitude da vida, E em nossos corações, uma guerra, De sentir a ausência e a despedida. Mas Finados também é dia de prece, De elevar nossos pensamentos ao céu, Pedindo paz às almas que já pereceram, E conforto àqueles que choram no véu. Que o tempo amenize a dor da perda, E que a saudade seja doce lembrança, Pois, na memória, a vida se renova, E o amor persiste em nossa esperança. Neste Dia de Finados, em oração, Relembramos com carinho e ternu...