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Mostrando postagens com o rótulo Partida

Às Margens do Adeus

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  Às Margens do Adeus Parti da minha terra, o peito em brasa, os olhos marejados de saudade; deixei pra trás a vila, a antiga casa, e a dor me rasga em plena mocidade. O céu que me acolheu na juventude tornou-se uma paisagem, fria e escassa; meu peito sangra em sua inquieta atitude, de amar o chão que aos poucos se desfaça. Nas ruas onde andei de pés descalços, escuto o eco das manhãs passadas; carrego, sob a pele e falsos sorrisos, cicatrizes de dores abafadas. No vento forte, o cheiro dos trigais, das colinas e campos e do rio; um nó profundo prende-me aos locais que agora deixo em exílio sombrio. Minha mãe, junto ao umbral, me dá seu beijo, meu pai, com rosto austero e olhos vazios; o mundo inteiro em mim perdeu seu ensejo, e a fé de volta agora é pó de estios. Se volto? Ah, quem dirá o triste fado? Quem sabe o mar me leva, ou me renega. A pátria que me chama em tom calado é sonho ou pranto em que minh’alma navega? Os braços dos amigos, companheiros, que um dia me acolheram com ...

Adeus à Terra Natal

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Adeus à Terra Natal Partimos com o coração a sangrar, Deixando o lar que o vento há de levar, Cruzamos mares onde o céu desaba, Levando sonhos que o tempo há de guiar. A Itália, mãe que em prantos vê partir, Seus filhos, almas que vão peregrinar, Nas terras longes onde o sol se acaba, Buscando um novo céu para existir. Mas cada passo dói em nosso peito, O chão que outrora foi berço e calor, Agora é só saudade e lamento. Tornamos fé o que era desalento, E na esperança cultivamos o amor, Na fé que o futuro trará alento. estilo Shakespeariano, Rimas CDCD dr. luiz carlos piazzetta

A Partida do Porto de Gênova

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  A Partida do Porto de Gênova No porto, o mar sussurra a despedida, Enquanto o céu se veste de saudade, Partem os sonhos, almas divididas, Buscando em terras novas liberdade. O barco leva a esperança ao vento, Deixando atrás a pátria, o chão querido, Nos olhos brilha o misto de lamento, E a fé no peito, o coração ferido. As águas seguem rumo ao infinito, O horizonte chama, mesmo incerto, Mas cada passo ao longe é um grito, De quem deixou na Itália o peito aberto. E ao cruzar o Atlântico, o destino, Sabe que o novo mundo é o seu caminho.

Odisseia dos Imigrantes

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  Odisseia dos Imigrantes No porto, o adeus e o sonho em brasa, Deixando a Itália, terra a sofrer. Nos navios, a esperança rasa, Buscavam nova vida a se ter. A bordo, a multidão se apertava, Espaços exíguos, sem respirar. Comida escassa, sede agravava, Em meio ao balanço do alto mar. Nos porões, um ar pestilento, Sem higiene, nem luz solar. Doenças vinham com o vento, Crianças frágeis a desfalcar. O mar rugia em tempestade, Medo e preces no ar pesado. A luta pela vida, sem piedade, Um futuro em sonho desenhado. No convés, olhares perdidos, Esperança em meio ao tormento. Homens e mulheres combalidos, Resistindo ao cruel sofrimento. Na escuridão da noite fria, O pranto silente se fazia. O navio seguia a agonia, A alma em constante vigília. Mães segurando seus filhos amados, Em prece, clamavam por paz. Os olhos vidrados em trilhos, No horizonte, um sol que se faz. Cada onda, um desafio novo, A coragem à prova, sem parar. Cada dia, um triste estorvo, A esperança lutava por ficar. O fed...

Tragédia no Oceano

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  Tragédia no Oceano Em busca de um futuro tão brando, Deixaram a vila em Padova, enfim. Nas ondas do mar foram sonhando, Sem saber do destino tão ruim. O navio partiu, cruzando o azul, Levava esperança, um novo lar. Mas o sarampo, cruel, como um véu, Veio as crianças a afligir, pesar. No balanço do mar, forte vento, O casal viu seu filho a sofrer, O pequeno, nos braços, lamento, A vida começava a se perder. No convés, o pranto em clamor, Outras mães também a chorar, E o mar, testemunha da dor, Leva sonhos sem nada a dar. O olhar do pai, perdido, em vão, Buscava consolo, um alívio, paz. Mas o oceano, imenso, não são, Reflete o destino, onde jaz. A mãe, em desolada prece, Suplica ao céu, ao Deus do mar. Mas a resposta, em eco, aparece, Silêncio e vazio a acompanhar. Cada noite, o frio se infiltra, Nas cabines, o sopro mortal. E a esperança, aos poucos, filtra, Transformando-se em luto real. O pequeno corpo, frágil, sem calor, Nos braços da mãe, pálido, só dor. O sarampo, impiedoso, ...