Odisseia dos Imigrantes


 

Odisseia dos Imigrantes


No porto, o adeus e o sonho em brasa,

Deixando a Itália, terra a sofrer.

Nos navios, a esperança rasa,

Buscavam nova vida a se ter.


A bordo, a multidão se apertava,

Espaços exíguos, sem respirar.

Comida escassa, sede agravava,

Em meio ao balanço do alto mar.


Nos porões, um ar pestilento,

Sem higiene, nem luz solar.

Doenças vinham com o vento,

Crianças frágeis a desfalcar.


O mar rugia em tempestade,

Medo e preces no ar pesado.

A luta pela vida, sem piedade,

Um futuro em sonho desenhado.


No convés, olhares perdidos,

Esperança em meio ao tormento.

Homens e mulheres combalidos,

Resistindo ao cruel sofrimento.


Na escuridão da noite fria,

O pranto silente se fazia.

O navio seguia a agonia,

A alma em constante vigília.


Mães segurando seus filhos amados,

Em prece, clamavam por paz.

Os olhos vidrados em trilhos,

No horizonte, um sol que se faz.


Cada onda, um desafio novo,

A coragem à prova, sem parar.

Cada dia, um triste estorvo,

A esperança lutava por ficar.


O fedor das águas paradas,

A febre alta vem a consumir.

Corpos exaustos, almas cansadas,

Sonhos que teimam em persistir.


Ao longe, terra prometida,

Brasil, a nova e desejada.

Mas a jornada é tão sofrida,

E a chegada ainda afastada.


No peito, a dor e o cansaço,

Do adeus, do luto, da espera.

Mas a força do sonho é um laço,

Que na alma do imigrante impera.


A luz da manhã traz alívio,

Um raio de esperança a brilhar.

No horizonte, o novo início,

A terra nova a esperar.


Chegando ao destino esperado,

O alívio misturado à dor.

O navio, um passado marcado,

A vida a bordo, eterno torpor.


Desembarcando, um novo começo,

O passado, marcado no olhar.

A difícil vida, o recomeço,

Em solo novo, ao laborar.


Assim, na luta e na saudade,

Os imigrantes constroem seu lar.

Com coragem, amor e vontade,

A vida nova, enfim, a brotar.