Lembranças do Além-Mar
Lembranças do Além-Mar
No véu da noite, surge a dor pungente,
A saudade invade o peito, clama.
Lágrimas escorrem, triste corrente,
No peito a chama, que a distância inflama.
Ecos distantes trazem vozes queridas,
Sorrisos, memórias, doces abraços.
Em terras novas, jornadas sofridas,
Sonhos partidos em eternos laços.
Olhares fixos no horizonte, além,
A alma viaja em busca de um lar.
Recordações de um tempo que não vem,
Refúgio de um coração a sangrar.
Os campos verdes, os rios cintilantes,
Paisagens gravadas na mente.
As festas, os risos, momentos distantes,
Lembranças vivas, tão presentes.
Na solidão, consolo em fotografias,
Rostos queridos, histórias contadas.
Cartas enviadas com as esperanças frias,
De uma resposta que nunca chega.
O tempo passa, mas a dor persiste,
Em cada canto, um rosto amigo.
A saudade cresce, o coração resiste,
Guardando amores num abraço antigo.
Novo mundo, novos desafios,
Mas a alma clama por aquilo que ficou.
Cada passo, cada sonho, são desvios,
Na busca incessante pelo que restou.
O cheiro do pão, o toque das mãos,
Ecos de um lar que nunca se esquece.
Mesmo em terras distantes, corações irmãos,
Buscam no tempo o que o tempo padece.
Construindo vida, erguendo esperança,
Sob o sol do sul, nas mãos a semente.
A saudade transforma-se em aliança,
Entre o passado e o presente.
Na melodia do vento, um lamento,
Notas de saudade, cantiga sem fim.
A cada sussurro, um doce tormento,
Recordações que ressoam em mim.
O inverno chega, traz consigo o frio,
E a memória aquece, suave calor.
Nas noites longas, em silêncio e vazio,
A presença ausente, um eterno amor.
Primavera vem, floresce a paisagem,
Mas a saudade nunca abandona.
Em cada flor, uma doce miragem,
De um tempo e lugar que o coração aprisiona.
Sorrisos surgem, lágrimas caem,
Um misto de dor e alegria sentida.
A saudade é força, é vida que traem,
A certeza de um amor sem medida.
As histórias contadas ao pé da lareira,
Guardam no fogo a chama que arde.
Em cada chama, uma vida inteira,
Uma memória, um amor que não tarde.
Os anos passam, mas a dor é viva,
Cada momento uma eternidade.
A saudade dos entes queridos, altiva,
É o eco eterno de uma realidade.
No fim da jornada, um alívio, talvez,
Reencontrar aqueles que ficaram.
A saudade se acalma, a alma em paz,
Num abraço eterno, onde os sonhos moraram.