Sob o Céu Gaúcho: A Jornada Italiana


Sob o Céu Gaúcho: A Jornada Italiana


Nos pampas largos, vastidão sem fim,

Chegaram almas cheias de esperança,

Deixaram pátria, filhos, e um jardim,

Buscando aqui plantar nova aliança.


Na serra densa, o frio era um açoite,

A terra virgem, rude ao arado,

Mas corações ardentes como a noite,

Traziam fé no sonho almejado.


Com mãos calosas, cultivaram chão,

E cada lágrima ao solo derramada,

Regava a semente, em sacra união,

De uma nova vida abençoada.


A língua estranha, o fardo de exílio,

Tornavam cada dia um desafio,

Mas o amor pela Itália, sem sigilo,

Alimentava a luta em rosto frio.


Ergueram casas, ergueram cidades,

Com pedra, suor, madeira e dor,

E nos olhares cheios de saudades,

Crescia a chama do eterno amor.


No altar da terra, ao sol de cada dia,

Erguia-se a prece, sussurro puro,

Agradecendo à vida, à alegria,

E suportando o inverno mais duro.


Caxias, Isabel, Conde d’Eu, locais,

Onde o sangue italiano se fez,

Progresso, cultura e valores ancestrais,

Forjando um povo de rara altivez.


Os rios correm, a história se alonga,

Nos campos verdes, o trigo brotou,

E cada lágrima virou onda,

Que a tradição imortalizou.


Naqueles montes, ecoa a canção,

De quem cruzou o mar, destemido,

Deixando rastros de emoção,

Num solo que agora é bendito.


Nas festas, nas danças, no canto coral,

Vive a herança de gerações,

Mistura de dor e de ideal,

Que pulsa em nossos corações.


O imigrante plantou com suor e fé,

E colheu o futuro, filho da terra,

Fez do Brasil sua nova rê,

Onde a alma italiana se encerra.


Nos vinhedos, nos campos, no firmamento,

Brilham estrelas de outra nação,

Que cruzaram mares e tormento,

Para fazer do Sul sua criação.


Sob o céu gaúcho, entre montanhas,

Vive a jornada de quem partiu,

E nos vales, entre as façanhas,

O espírito italiano nunca se riu.


Com lágrimas, suor e muita oração,

Forjaram um destino abençoado,

E no Rio Grande, coração e mão,

Criaram um lar para o amor sonhado.