Guardiãs de Memórias
Guardiãs de Memórias
Nas terras brutas, onde a selva chama,
A mulher ergueu-se em meio à solidão,
Com mãos cansadas, mas alma que inflama,
Criou um lar, raiz de uma nação.
No frio da serra, seu calor sustenta,
Com fé e força, cada passo guia,
Enquanto o vento da saudade aumenta,
Ela semeia a história dia a dia.
Seu rosto traz as marcas do passado,
Cada ruga, um conto a revelar,
De um tempo duro, mas tão abençoado,
Onde a esperança soube prosperar.
Nas fazendas de café, o sol queimava,
E a mão gentil colhia com cuidado,
Entre os grãos, seu sonho ali plantava,
Futuro em terra nova, conquistado.
Na mesa, pão, na alma a devoção,
Das mãos que amassam nasce o alimento,
E com a voz, a antiga oração,
Ecoa em fé, um puro sentimento.
Guardião de memórias, ela é o farol,
Que guia os filhos nas noites escuras,
Mantendo viva a chama, o arrebol,
Nas tradições que são as suas juras.
Em cada gesto, um legado sagrado,
No abraço firme, o alento que salva,
E no olhar, um futuro desenhado,
Mulher imigrante, a força que lavra.
Nas lides do campo, sua mão plantou,
E no altar, sua fé firmou pilares,
Onde a cultura do velho se juntou,
Com o novo, em laços familiares.
Ela preserva as línguas, os sabores,
Na cozinha, é alquimia e magia,
E na dança, revive os antigos amores,
Mulher de fibra, moldando o dia a dia.
Seu canto ecoa nas colinas frias,
Como um lamento, mas também louvor,
Aos céus pede paz, aos campos, orgias,
De flores, frutos, e de muito amor.
Com passos firmes, rasga as florestas,
Onde a vida insiste em se enraizar,
Mulher guerreira, nas duras festas,
De suor e lágrimas, a vida a cantar.
E quando a noite cai, e a lua nasce,
Seu trabalho ainda não terminou,
Aos filhos ensina, à alma dá enlace,
E a cultura viva em si perpetuou.
Na solidão, ela encontrou seu par,
Na dor, a força que não se esvai,
E nas lembranças, o eterno amar,
Que o tempo cru jamais lhe roubará.