A Dor da Despedida

 


A Dor da Despedida


Adeus, minha terra, adeus, amados,

Um vazio no peito a nos consumir,

Entre lágrimas e suspiros apertados,

Partimos sem saber onde iremos ir.


O trem apita, um som que nos perfura,

E os abraços desmancham-se em pranto,

Cada adeus é uma dor que perdura,

Deixando nossa alma em desencanto.


Mães e filhos num último abraço,

Pais buscam palavras de consolo,

Olhos falam em silêncio, passo a passo,

Mas o coração é um porto sem solo.


O navio espera com velas ao vento,

Um gigante que nos leva ao desconhecido,

Sonhos lançados em mares de tormento,

Navegam com destino não definido.


O porto se afasta, some devagar,

Enquanto o mar nos envolve em azul,

A Itália fica um sonho a desvanecer,

Uma estrela que brilha em céu tão cru.


Lágrimas misturam-se ao sabor do mar,

Enquanto o vento murmura memórias,

Cada onda traz um pensamento a vagar,

Cada estrela revela antigas histórias.


O coração fica na praia, solitário,

Enquanto o corpo avança sem paz,

A esperança é um farol necessário,

E o medo, uma sombra que persiste mais.


Despedidas são feridas que não curam,

Cicatrizes de amor e de esperança,

As palavras se perdem, não perduram,

No silêncio do mar e na distância.


Partimos, sim, mas a alma persiste,

Entre rostos amados e ruas conhecidas,

Cada passo é uma escolha que resiste,

Contra destinos e metas indefinidas.


Ó mãe, ó pai, ó terra querida,

No coração guardarei vosso amor,

Cada dia uma prece bem sentida,

Que o destino nos traga ainda calor.


Somos folhas no vento do desconhecido,

Raízes partidas, mas fortes de novo,

O futuro é um quadro não definido,

Um sonho que se revela pouco a pouco.


E enquanto o mar nos leva para longe,

Mãos apertam sonhos e temores,

Cada onda um abraço que se esconde,

Cada estrela uma promessa de flores.


Não é o fim, mas um novo começo,

Com a esperança como nossa guia,

O passado é o maior de nossos adereços,

No futuro, a luta que principia.


A terra distante um dia será perto,

Quando voltarmos com corações plenos,

Trazendo os frutos de nosso esforço certo,

E a lembrança de um adeus sereno.


Adeus, minha terra, não é um adeus,

Mas um até breve ao amanhã,

Levo-te no coração, onde estiver,

No caminho entre esperança e afã.