As Dificuldades de Adaptação dos Imigrantes Italianos


 

As Dificuldades de Adaptação dos Imigrantes Italianos


Em terras distantes, meu peito clama,

pelas colinas da Itália querida,

na saudade ardente, minh'alma chama,

a vila distante, na vida perdida.


A família longe, o coração sente,

no vento do sul, memórias dançam,

trabalho árduo, suor persistente,

nos campos de café, vidas balançam.


Os novos costumes, tão diferentes,

a língua que fala, mas não consola,

nas colônias, somos seres ausentes,

em cada gesto, a dor nos assola.


O isolamento frio, cruel, imenso,

nas serras do sul, vida sem calor,

a esperança num futuro denso,

o presente amargo, calado em dor.


O sol que queima, a terra que exige,

braços que doem, força que se esvai,

o pão na mesa é luta que persiste,

na labuta diária, a fé que cai.


Nos olhares tristes, histórias guardam,

cantos italianos ao vento vão,

nas noites escuras, as vozes falam,

da pátria ausente, doce canção.


A saudade aperta, lágrima brilha,

ao lembrar dos pais, irmãos deixados,

cada lembrança é dor que cintila,

nos olhos cansados, sonhos quebrados.


Mas a força italiana não se rende,

no peito guarda a chama da esperança,

em cada colheita, em cada semente,

renasce a fé que o tempo não cansa.


Nos domingos, a missa é consolo,

em preces buscamos algum alívio,

na comunhão, um breve desenrolo,

da dor que nos toma em cativeiro.


Os filhos crescem sob o sol brilhante,

novas raízes firmes no chão duro,

levam no sangue o espírito amante,

de um povo forte, de destino puro.


As festas lembram a Itália ausente,

os trajes, as danças, o vinho bom,

uma herança viva, sempre presente,

que mantém acesa a chama de um dom.


Os avós contam histórias antigas,

nas noites frias ao redor da fogueira,

lembranças que são suas grandes amigas,

consolo em tempos de luta ordeira.


O Brasil acolhe com braços abertos,

mas o coração nunca esquece a origem,

duas pátrias no peito descobertos,

numa jornada de amor e vertigem.


A saudade é ponte que nos liga,

a uma terra que nunca deixamos,

nos sonhos, a Itália sempre abriga,

a alma que aqui plantamos.


Nas adversidades, somos valentes,

com fé, labuta e canto, persistimos,

em terras novas, somos sementes,

de um futuro que juntos construímos.