Minha Casa
Minha Casa
Nas paredes singelas, meu abrigo erguido,
Um lar onde a alma encontra seu norte,
Minha casa, refúgio, onde o tempo é medido,
Em cada canto, memórias que suportam.
No portal, a porta que se abre ao sorriso,
Recebe a luz tímida do amanhecer,
No limiar, a esperança é o aviso,
De que o lar é mais que tijolos a compor.
Na sala, aconchego de afetos costurados,
Em cada estofado, histórias tecidas,
Cada móvel, um capítulo de amores guardados,
Na tapeçaria da vida, tramas escolhidas.
A cozinha, altar onde aromas dançam,
Segredos de receitas, herança de mãos sábias,
Na alquimia dos sabores, a vida avança,
Cada refeição, um laço que se cria.
No quarto, lençóis que guardam sonhos,
Entre suspiros e noites estreladas,
O repouso, qual pausa em desenhos,
Traçados nos lençóis da madrugada.
O corredor, testemunha silenciosa,
De passos que ecoam como canção,
Caminhos percorridos, história ansiosa,
Na galeria do tempo, em sua construção.
O jardim, onde flores são poesia,
Despetalando versos com o vento a brincar,
Cada flor, um verso que se inicia,
Na sinfonia da natureza a ecoar.
No sótão, as lembranças se entrelaçam,
Caixas de saudade e reliquias guardadas,
Na penumbra, memórias que trespassam,
Cada objeto, uma página do livro das jornadas.
No banheiro, águas que renovam,
A cada gota, um renascer de dias,
O espelho reflete a face que amadurece,
No ritual diário, metamorfoses vazias.
Na varanda, o horizonte se descortina,
Vista para o mundo, além dos muros,
Cada pôr do sol, uma cena divina,
No crepúsculo, a calmaria em murmúrios.
Minha casa, mais que teto e alicerces,
É o eco dos risos, o silêncio dos segredos,
Nos seus cômodos, enigmas e preces,
Um refúgio de afetos, entre portas e enredos.
No coração do lar, a essência se revela,
Minha casa, não só obra de cimento,
É o pulsar de uma vida singela,
Em cada tijolo, um pedaço do meu tempo.
Assim, entre paredes que contam história,
Minha casa, um poema em construção,
Cada estrofe, uma página da memória,
No livro da vida, uma eterna canção.